terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Limites







Não ando muito bem, sabe?
E faz tempo que não me acerto mais com esse lance de amar e conviver sempre sorrindo pros erros e acertos dos que estão ao nosso redor.
Ao mesmo tempo é quase impossível vivermos sem falhar. 
E daí, como ficamos? 
Compreender as falhas, as dos outros e as nossas, as distâncias possíveis e necessárias, os sufocos, as garras afiadas quando precisamos dizer não ou quando necessitamos de um sim é um tremendo desafio!
Pois é, tô falando de limites.
As questões de convivência  são mesmo delicadas.
Esses dias, enquanto lia o livro sobre carência afetiva, a autora colocava que devíamos ser amados pelo que somos, não pelo que fazemos.
Que uma atitude não deveria ser justificativa para nosso pavor de sermos abandonados.
Mas será que é assim que acontece?
Somos amados acima do que podemos prover? Apoio emocional, financeiro, ombro pra chorar, parceria na balada, alguém pra rir das piadas?
Onde se alicerça nosso valor?
Será que nossas atitudes não são pautadas na aceitação daqueles que amamos?
E o medo de dizer não faz com que sejamos submissos a desejos que não são nossos?
Por vezes, quando os limites passam do tempo de serem colocados, o amor pela nossa figura se alicerça em atitudes afirmativas que não condizem com nossa verdadeira sensação.
Daí quando nosso limite chega viramos vilões, egoístas, dignos de sermos ignorados do círculo de convivência por termos cedido tanto tempo em nome da "paz".
A gente perde a graça, sabe.
E eu não ando muito bem. Pelos nãos que não disse, pelos sins que recebi a contragosto. Portas fechadas e socos na surdina.
Eu não me acostumo com isso.
Apesar dessa dor nós somos agraciados com o melhor das melhores pessoas que nos rodeiam e, apesar de não estar muito bem com esse lance dos limites, meu coração se enche de amor toda vez que alguém se aproxima.
Por mais que eu queira me esconder debaixo da coberta sempre que a convivência é desafiada, o afeto recebido brota por toda parte pra me mostrar que amor e dor andam lado a lado mas é pro nosso bem maior.

Sofrer e crescer também são uma rima possível no dia a dia. Impor limites ainda é preciso. E, apesar das arestas mal-aparadas conviver ainda é um remédio.