terça-feira, 26 de abril de 2016

Ruínas, sintomas dos sãos.



Eu vi a fraqueza de um homem
Vi o seu corpo caído no chão

Ele não lamentava nem nada
estava bem naquela posição

Eu vi a fraqueza de um homem
Num andar solitário-patrão

Ele não se queixava das falhas
Se gabava da ausência de irmãos

Eu vi a fraqueza de um homem
No seu choro contido-porão

Ele nem mais sentia as calçadas
Celebrava sua dor de cão

Eu vi a fraqueza de um homem
Numa pedra chutada por nada

Não se vociferava ou gritava
os venenos de um escorpião

Eu vi a fraqueza de um homem
Quando olhei lá dentro de sua alma

Vi escombros de história, de estradas.
Ruínas, sintomas dos sãos.

Eu vi a fraqueza de um homem
não havia quem me entendesse

Não se via um vestígio, um lembrete
que os fizesse ajudar um cristão

Eu vi a fraqueza de um homem,
esperei o seu tempo passar.

Relutei entre olhares e escolhas
Deixei livre o seu corpo falar

Eu vi a fraqueza de um homem
nunca mais me esqueci dessa dor

Nunca mais me esqueci da tristeza,
Tão sutil sua delicadeza,
e uma infinita ausência de amor

Eu vi a fraqueza de um homem
E quis tanto mudar sua história
E quis tanto fazer diferença
Mas foi ele quem me transformou

No que eu vi a fraqueza de um homem
Me enchi de empatia e calor
me enchi que até me transbordei
transbordei que até transformou

Eu vi a fraqueza de um homem
Eu vi esperança e valor.

Poesia Fernanda Toscano
Fotografia Daniel Tomita
Performance Caio Zanuto



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