sábado, 5 de dezembro de 2015

Certas poda

Certas podas, eu vou te contar:
O quanto que levam de nós?
Ou o quanto depuram na dor aquilo que já não serve mais?
Certas podas apesar de uma perda, revigoram o novo e abrem caminho à seiva tão bruta que quer irromper.
Certas podas parecem que matam mas quando bem feitas nos salvam a planta, revivem por dentro o que se perdeu.
Certas podas um bem à raiz que ressurge mais firme em seus novos galhos, folhas, flores, frutos, sementes e nas profundezas, tornam mais forte a matriz.
Certas podas levam o que não vive bem, troncos em equivocados caminhos, sombras desaproveitadas no asfalto e galhos que sugam a rica energia sem retribuir à vida lá dentro nem mesmo um porcento do bem que se faz ao redor.
Certas podas, dolorosos cortes, açoites marcantes mas fundamentais no reequilíbrio do todo.
Certas podas, se eu te contar, você vai se querer num podar, num realinhar, num reinventar.
À certas podas, eu digo o meu muito obrigada,  por nos permitir na reexistência o ato de amar essa louca dinâmica de morrer pra viver bem melhor nessa vida.
À certas podas eu devo o que fui, o que sou e tudo o que almejo ainda ser algum dia.

Fotografia e poesia: Fernanda Toscano

#colorindoarima

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