sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Renasci


Tentaram me matar
tentaram me conter
eu vivi

Empurraram-me de um penhasco
de cima de um trem em movimento, eu cai

Fecharam-me a porta,
todo mundo lá dentro
 e eu  lá fora.

se esqueceram de mim
sozinha
ali


 aguentei, 
ainda aguento
eu vou firme longe dali

Choveu
ventou
nevou
no sol 
que ardia
eu me fortaleci
e ainda ardo 
eu-mesma
 aqui

amando a duras penas
eu e deus, em alma apenas
sublimei
até cresci


Ai, como corríamos
ate que de repente
eu
tropecei num pe
que deixaram
pra mim
em cena
e de novo
eu me refiz


E ainda em queda livre, 
decidi me segurar
a algo nem tão firme assim
e mesmo ali, sobrevivi.

Decepada
Multilada
com a cara toda quebrada
eu entendi

e remontada
remoldada
consegui me reflorir

Podaram-me na raiz
Prenderam-me exportada
exilada em solitária
Socialmente repugnada,
 resisti

A louca 
a fora da medida
a deixada à beira da calçada
com minha dor 
tao revirada
eu me vesti

Levantei-me
relutei-me
pendurei-me
escalei-me
 renasci

Em fase de Lua Nova, eu me lembro dessa sombra ainda acordada,
 bem perto, ainda presente
dentro de mim.

Fotografia: Daniel Tomita / Raízes em Ruínas
Texto: Fernanda Toscano


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