Tentaram me matar
tentaram me conter
eu vivi
Empurraram-me de um penhasco
de cima de um trem em movimento, eu cai
de cima de um trem em movimento, eu cai
Fecharam-me a porta,
todo mundo lá dentro
e eu lá fora.
se esqueceram de mim
sozinha
ali
ali
aguentei,
ainda aguento
eu vou firme longe dali
Choveu
ventou
nevou
no sol
que ardia
eu me fortaleci
e ainda ardo
eu me fortaleci
e ainda ardo
eu-mesma
aqui
aqui
amando a duras penas
eu e deus, em alma apenas
sublimei
até cresci
Ai, como corríamos
ate que de repente
eu
tropecei num pe
que deixaram
pra mim
em cena
e de novo
eu me refiz
ate que de repente
eu
tropecei num pe
que deixaram
pra mim
em cena
e de novo
eu me refiz
E ainda em queda livre,
decidi me segurar
a algo nem tão firme assim
e mesmo ali, sobrevivi.
Decepada
Multilada
com a cara toda quebrada
eu entendi
e remontada
remoldada
consegui me reflorir
remoldada
consegui me reflorir
Podaram-me na raiz
Prenderam-me exportada
exilada em solitária
exilada em solitária
Socialmente repugnada,
resisti
resisti
A louca
a fora da medida
a deixada à beira da calçada
com minha dor
tao revirada
eu me vesti
Levantei-me
relutei-me
pendurei-me
escalei-me
renasci
Em fase de Lua Nova, eu me lembro dessa sombra ainda acordada,
bem perto, ainda presente
dentro de mim.
bem perto, ainda presente
dentro de mim.
Fotografia: Daniel Tomita / Raízes em Ruínas
Texto: Fernanda Toscano
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